terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sobre Deus, Melodias e Danças - Criação.
























E viu Deus que na sua amorosa exatidão o melhor a fazer era repartir-se, deixar-se derramar, transbordar, jorrar para o espaço e o tempo esse amor infinito que sempre habitou a eternidade, como vestes que sempre lhe couberam perfeitamente bem; criou. 

Como um exímio artista, moldou com as próprias mãos seus arquétipos. Cantava e dançava alegremente uma canção de cirando enquanto pintava, torneava e delineava suas artes, e lhes davam vida com um sopro suave, sem interromper a música. Nietzsche foi feliz quando disse: "Eu só poderia crer num Deus que soubesse dançar".

A melodia da canção que entoava lhe interpelou profundamente com uma realidade, “meu amor precisa ser celebrado para além de mim, quero contemplar seu efeito, sua cor e intensidade ‘fora’ de minhas entranhas”.  Foi então que seu inconsciente sussurrou: “isso não vai dá certo, eles hão de querer ser deuses”, ao que ele retrucou: “mas é o que eles serão; os farei a minha ‘cara’, imagem e semelhança (amor)”. 

Ser humano é o jeito mais abrangente de gozar sua divindade intrínseca. 

Fez gente, “homem”, livre consciência, paralela a Si. Pegou-lhe pela mão convidando-o para a ciranda; este até que dançou por algum tempo, e gostou, mas ao ver a possibilidade de imprimir outros ritmos e até de poder largar-lhe as mãos e criar suas próprias coreografias, não pensou duas vezes, abriu as mãos, abriu mão, e se foi.

Mergulhou na existência, resolveu perscrutar, conhecer, criar seus próprios caminhos, dançar suas músicas, pintar seus próprios quadros, fazer arte, fazer deuses, “fazer vida”. E nesse grito, pulo, mergulho da humanidade na sua auto-independência, Deus conheceu  suas costas, seu avesso. 

Mas não foi surpreendido, o perfeito amor nunca é pego de surpresa, visto que está preparado para absolutamente tudo. É só por isso que nos foi dada a dádiva de existir, pois para todo sempre nosso destino seria o amor. 

Ainda que os desdobramentos da aventura humana tenham gerado caos, dores, lágrimas, tristezas e descontentamentos, é certo que uma nuvem de amor nos cobre e nos envolve, sempre. 

Os mais bem-aventurados são os que conseguem fazer uso do potencial divino gravado em seu DNA, se aventurando na auto-descoberta, entregas, prazeres e partilhas, caminhando sempre adiante, sem deixar de regressar quando necessário for. 

O caminho para Deus é o mesmo que nos leva ao outro, nos entrega à vida e devolve-nos a nós mesmos. 

Viva, caminhe.

Léo Dias.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Súplica do Amor


















Por favor, libertem-me!

Tirem-me da jaula dos conceitos!

Socorram-me dos labirintos filosóficos!

Salvem-me do mar das idealizações!

Acudam-me das tempestades de desejos!

Protejam-me das gaiolas das possessões!

Valei-me da felicidade utópica!
...

Sou borboleta, sou beija flor..
Sou riso, sou dor..
Sou frio, sou calor..
Sou cheiro, sou flor..
...

Sou lago, sou rio..
Sou lugar, sou caminho..
Sou água, sou vinho..
...

Sou palpável, sou abstrato..
Sou transcendente, sou imanente..
Sou graça, sou vida..
...

Sou Amor, Sou Deus.. 

Léo Dias

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Da Minha Solidão























Arthur Schopenhauer já dizia: “A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais”.

Por alguma razão que deve estar escondida nas entranhas do meu ser, a solidão me é uma companheira tão fascinante quanto à presença de pessoas afáveis. 

Sou apaixonado por gente, gosto de compartilhar meus momentos com aqueles que amo, especialmente com os cúmplices rss. Pra mim, são as pessoas que dão sabor, sentido e cor a nossa existência, e isso é divino; mas quem disse que estar sozinho é de fato estar só? E quem falou que o contrário também é verdadeiro? Existe muita gente rodeada de pessoas, porém carregando um isolamento mórbido em seu ser. 

Eu não penso que solidão precisa ser sempre acompanhada de melancolia e pré-disposição para reações depressivas, não; um retiro solitário na verdade pode ser uma oportunidade de vários encontros, com você mesmo e com inúmeras pessoas que não tem oportunidade de lhe interpelar enquanto está no meio da multidão e dando atenção a inúmeras solicitações. 

Quando foi a ultima vez que você bateu um papo franco e sincero com você mesmo? Sua própria companhia lhe é bem vinda ou você prefere fingir que és irremediavelmente uma pessoa indivisível e incapaz de estabelecer um auto diálogo?

Por outro lado, existem experiências, pessoas e vozes que só terão oportunidade de despertarem dentro de você na solitude, e todas elas têm uma importância singular na sua jornada de desenvolvimento e amadurecimento para seu bem-estar integral. 

A solidão também é parceira da sua mais íntima autenticidade. Aquilo que você não tem coragem de fazer (ser feliz, por exemplo) na frente das pessoas – por timidez ou vergonha - no momento solitário você desprende-se do pavor do olhar especulativo dos outros e por um momento vive a arte de ser criança, entregando-se aos ritmos dos seus instintos mais legítimos.  

Quero sim, sempre que preciso for, bailar com a solidão. Quero fechar os olhos e abrir meu coração - para vozes esquecidas, experiências não significadas, melodias despercebidas e sabores inexprimíveis - sem medo de SER. 

Léo Dias

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Alma e o Simbólico
























Quem despreza o poder do simbólico nas relações interpessoais perde oportunidades inimagináveis de acessar sentidos e sensações ocultas, ainda desconhecidas de si. 

É uma ignorância sem tamanho, achar que só existe um meio de duas pessoas experimentarem-se e receberem em seu íntimo os estímulos do outro. Ei, mortais... Escutem, alma também faz amor!! 

Na verdade toda experiência íntima entre corpos, que de tão extasiante e intensa se eternizam em nossa memória, antes começou com o flerte das almas; e é aqui que o simbólico tem importância fundamental, pois a alma alimentá-se de símbolos. Ela necessita de arte, poemas, sons, risos, letras, objetos, etc. 

O êxtase da alma consiste em sentir o cheiro de alguém que está a milhares de quilômetros de distancia, ou que nem “estar” mais aqui; tocar um mesmo objeto que foi tocado por alguém e sentir a textura da pele dessa pessoa; perceber o pulsar do coração do escritor nas letras de uma carta que lhe foi remetida. 

Infelizmente não se tem mais tempo nem sensibilidade pra isso. Agora é tempo de comer sem cheirar, beijar sem “cantar”, transar sem “olhar”. 

A maioria dos mortais só conhece um tipo de orgasmo, enquanto a integralidade de nossa estrutura humana nos permite infinitos.. Deus deve lamentar profundamente, que não acessemos as inúmeras possibilidades de dar e sentir prazer nesse universo de potencialidades que ele nos presenteou. Perdoa-nos Pai! rs. 

Oxalá Deus me abençoe com sensibilidade! Quero continuar sentindo cheiros inefáveis, gostos indeléveis e sensações transcendentes, somente pelo contato de minh’alma com os símbolos que represente a “concretude” dos meus desejos.

Léo Dias 

 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Paz pra Sorrir
















O sorriso faz parte da caminhada (assim como as lágrimas também fazem), e ai daquele que por alguma razão esqueceu-se dessa arte (sorrir) que é essencial a nossa existência. O sorriso é a pintura da alegria, o reflexo exposto das cores que estão delineando nosso interior em dados momentos da vida, porém existem também “sorrisos” que tem exatamente a função oposta, que é a de mascarar o que há dentro de nós, denominado de sorriso amarelo. É aquele que mantém a face contraída não conseguindo acompanhar os traços de um sorriso autêntico e espontâneo.

Na verdade, existem vários tipos de sorriso, por mil razões, e penso que nenhum deles deve ser questionado acerca de sua legitimidade e efeito. Através da corrosiva sequela que a religiosidade nos acomete, eu já fiz a besteira de questionar a licitude do sorriso alheio; eu pensava que meu sorriso era “o verdadeiro”, enquanto que o da maioria dos mortais, falso. Não demorou muito e o Senhor Tempo me fez perceber que eu estava quadradamente enganado. Quebrei a cara.. Aprendi a reconsiderar os sorrisos alheios a minha experiência de vida, contemplar sua beleza e celebrar junto de quem me concede tal prestígio; o de sorrir perto de mim, e se for por minha causa, melhor ainda!

Sim, entendi; o sorriso também está entre as experiências Sagradas dessa jornada que damos o nome de vida. Sendo esta, uma experiência Sagrada, acredito que de todas as razões que nos leva a desabrochar em risos, uma deve ter maior respeito e aspiração da nossa parte.  Estou falando da “Paz”. Almir Sater foi feliz quando disse: “é preciso paz pra poder sorrir”. Não sei bem ao certo, mas me parece que um sorriso fruto da paz interior nos leva a transcender a experiência do simples rir, pelo fato do riso sem culpa, dívidas ou pretensões, a sensação é de que não estamos rindo sozinhos, é como se pudéssemos ouvir Deus (muito bem humorado) e quem mais estiver com ele, rindo conosco e de nós.

Rir em paz nos conecta com nossa espiritualidade mais íntima, rejuvenesce corpo e alma.
 
Desejo-lhe muitos risos de paz, e que as lágrimas que a vida nos reserva, seja na sua maioria por chorar de tanto rir. Amém!

Com risos,

Léo Dias.  

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Pouco (Exato) Perfeito


Definitivamente estou convencido; é falso o estigma de que pra ser perfeito e exato, algo deva ser necessariamente transbordante, macro, amplo ou imenso.. Não, descobri que no pouco também há perfeição, e a força do pleno encanto pode estar exatamente aí.

Faça um esforço, dê um passeio no seu banco de dados, e tenho certeza que encontrarás experiências que lhe marcaram justamente devido sua efêmera brevidade. Quando esse tipo de tentame acontece, a principio o gostinho de bis deixado em nossos cinco (ou mais) sentidos, nos envia uma mensagem de insatisfação frustrante, até porque, tudo em nós pede mais, porém após dado o descanso e repouso devido a estes, vem o momento do alívio reflexivo que nos faz recordar com riqueza de detalhes os momentos indeléveis vivenciados a cada segundo.

É aí que você percebe que o tempo, apesar de aparentemente curto, foi perfeito, pois descobre que não é a quantidade de tempo que decidirá se um momento se eternizará em você ou não, e sim, sua intensidade.

Entende que não é a quantidade da sua doação que lhe fará sentir-se realizado, mas sim o quanto esta arrancou do outro um nível idêntico de reciprocidade.

O mais interessante, é que a partir dessas descobertas, você se ver um ser desprendido de egoísmo e ganância sentimental, pois após desvendar que o pouco pode ser (exato) perfeito, você só quer uma coisa... Celebrar a mística do contentamento.

Então eu agora decidi, vou correr, nadar, comer, beber, amar e viver, sem relógio. Não preciso do cronometro, pois já sei que alguns segundos serão eternos e outros anos serão como uma lufada de vento num colibri.

Então é isso, pra algo, alguém, ou um momento ser eterno, intenso, infinito e perfeito em nós, as vezes basta experimentar só um pouquinho.  rs..

Léo Dias 
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