terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Tal do Equilíbrio Emocional


Apesar de raramente deixar transparecer, os dias tem sido difíceis. Vez por outra sou tomado por um velho aperto angustiante no peito  que me tira o ar; há muito tempo eu não o sentia, falar a verdade, só me lembro de uma ocasião que me deparei com essa sensação sufocante; foi por conta de ter que enfrentar um dos piores acontecimentos da minha vida, mas ela permaneceu em mim por um período depois se foi, e eu voltei a respirar sem interferências.

Sei que existem pessoas que abraçam esse tipo de angustia e a levam consigo para o resto da vida, amargando a jornada e tirando todo o colorido da sua existência. De uma maneira inconsciente essas pessoas acreditam que vale a pena continuar ruminando o sofrimento, pra servir ou como forma de autopunição ou para manter o fato vivo em si; para os enlutados é como se a dor de certa forma contraditoriamente aliviasse a saudade mantendo os envolvidos sempre presentes. 

Eu não penso assim, se tiver doendo eu digo o quanto está; se me arrancar lágrimas, que sejam todas de uma vez; se for lamentável eu lamento profundamente; mas quando eu me levantar e tomar um banho, seja no mar, no lago ou no chuveiro, podem ter certeza que estou pronto pra seguir, e a mesma dor, lágrima e lamento, agora se tornarão ferramentas no meu atelier, onde pintarei novos quadros, talvez mais abstratos e reflexivos, porém não menos belos.

As pessoas me perguntam: “Nossa Léo, de onde você tira tanta força?” Bom, eu não me considero forte, mas como a palavra (equilíbrio) sugere, eu me sinto equilibrado. E me fiz a mesma pergunta, de onde vem? E não foi difícil achar a resposta.

Antes de tudo, percebo que meu espírito está totalmente mergulhado em uma convicção: DEUS ME AMA PROFUNDAMENTE.. A partir disso aprendi a ver algumas de suas manifestações de amor prático, e usá-las quando mais preciso.  

Penso que uma das maiores dessas epifanias de Deus é nos dar pessoas, e quando aprendemos a arte da convivência, do respeito às diferenças, e do absorver do outro as partículas divinas para a formação do nosso SER-saudável, é aí que vai se configurando nossa estabilidade emocional.  Eu explico...

Quando a insidiosa tristeza bate a minha porta, raramente sou eu que atendo, e quando atendo não vou só, sempre tem alguém ao meu lado, na frente, atrás ou dentro. rs.. Quer saber?! A tristeza odeia lhe encontrar acompanhado, e eu particularmente carrego um montão de gente e seus significados dentro de mim, aí está meu segredo meus caros..

Nesse momento da vida, tem sido até engraçado, eu tenho feito piada com a tristeza... rs toda vez que ouço seu toc toc toc na porta, eu chamo Manu (meu filho sorridente) e peço pra ele atender, como ele não tem noção de nada, ele atende com aquele sorriso angelical, e nos dias mais sapecas, já atende dando língua.. rsrs. Você acha que a dona tristeza vai querer entrar? Ah não! Ela vira-se e dá as costas sem me desejar ao menos um mal dia.

Uma experiência dessa não tem como não dá em música, daí eu a ensino a Manu e mesmo balbuciando as primeiras palavras, juntos fazemos o que ensinou o poeta Caetano... Cantando mandamos a tristeza embora.

E assim vou seguindo, sem pressa e sorrindo.

Desejo a todos um natal equilibrado. rsrs..

Léo Dias.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Eterna Coelhinha


♪♫Eu pensei, que pudesse esquecer certos velhos costumes. Eu pensei, que já nem me lembrasse de coisas passadas. Eu pensei que pudesse enganar a mim mesmo dizendo que essas coisas da vida em comum não ficavam marcadas..

Não pensei, que me fizessem falta umas poucas palavras, dessas coisas simples que dizemos antes de dormir.

De manhã o bom dia na cama a conversa informal, o beijo de despedida.. 

Os costumes me falam de coisas, de fatos antigos, não me esqueço das tardes alegres com nossos amigos. Um final de programa fim de madrugada, o aconchego na cama a luz apagada, essas coisas nem mesmo com o tempo se pode esquecer..

E então eu me vejo sozinho como estou agora, e respiro toda a liberdade que alguém pode ter. De repente ser livre até me assusta, me aceitar sem você certas vezes me custa, como posso esquecer dos costumes se nem mesmo esqueci de você.
♪♫

(Adaptação da música: Costumes, de Roberto Carlos / Erasmo Carlos)


Hoje minha coelhinha faria 29 anos..

Vivi e tenho visto coisas que só me levam a uma conclusão: a vida vista desse ângulo não tem nenhum sentido. Ou alguém ousará dizer-me que faz algum sentido Manu crescer sem mãe, ou o fato dela não estar aqui para me defender das calunias absurdas que levantaram contra mim, ou Ana perder a filha que lhe dava mais afeto e auxílio? Não meus caros, não tem sentido..

Mas o que falta em sentido pra vida, sobra em beleza e esperança, e isso só é possível por causa do amor.

Beleza pelo fato de termos a divina condição de eternizar as pessoas em nós e de certa forma podermos ressuscitá-las através do que em nós restou delas e do profundo significado de cada momento.

É um fato, quem caminha comigo e quem mais vier a caminhar, mesmo não sabendo irá se esbarrar com um pedaço de Rafa que está em mim, pois não há como amar alguém e não ter sua alma moldada por essa convivência. 

A beleza da vida está nessa troca, nessa teia que nos envolve e forma nosso ser a partir dessa partilha de vida com as pessoas que misteriosamente cruzam nossos caminhos. 

Em se tratando de mistério, é nele que se configura minha esperança, pois as centenas de teses que existem a respeito da vida após a morte no fundo só vem confirmar uma confiança que habita o interior de cada um nós; é que deve ter algo muito bom por traz dessa cortina que nos separa dessa existência.

Pensar que verei minha coelhinha de novo acalenta meu coração, e imaginar que ela poderá desfrutar da eternidade com Emanuel, mais ainda. Porém tenho motivos ainda mais concretos para seguir e celebrar essa vida sem sentido. Nossos momentos inesquecíveis, cada descoberta, cada sorriso, superações e recomeços são atributos da nossa história que nunca vou esquecer.

Falando de recomeços aqui aproveito pra agradecê-la.. Amor, abrigado pela semana mais incrível de toda minha vida, nossa despedida não poderia ter sido melhor. Muito obrigado, mas muito obrigado mesmo por antes de partir me deixar uma lição imensurável, de que é possível superar-se e reinventar-se.

Saudades,

Minha eterna coelhinha. 

Léo Dias

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Qualidade de vida

Apesar de reconhecer seus benefícios, confesso que não sou um fã de carteirinha de acordar cedo para fazer exercícios, mas eu fui pra cama com essa idéia fixa na cabeça, creio que devido ao fato de não ter conseguido ir à academia.

A noite já havia sido maravilhosa, curtir uma de segurador de vela para um casal de amigos especiais que estavam em lua de mel por aqui, Rodnei e Ábia. Vivi um daqueles “momentos” que citei no ultimo post..

Pela manhã sonhei que um amigo me avisava que estaria correndo bem cedo na praia, dei um pulo do sonho pra realidade, e com certeza essa atitude não partiu só de uma necessidade física ou estética, meu ser parecia pedir por aquilo, era como se pressentisse algo. 

O sol nascia por trás dos coqueiros da ilha da saudade escondendo-se timidamente em uma nuvem cortinada, gerando um nível de calor muitíssimo agradável. Após correr por vinte minutos na areia fofa, passei pra areia mais dura pra percorrer mais vinte; foi quando após cinco minutinhos de um leve chuvisco, apareceu atrás das montanhas um gigantesco e intenso arco-íris, banhando-me de diversidade e enchendo minha alma de gozo.

Já havia presenciado inúmeros arco-íris, mas nada parecido com aquele, a vontade que dava era de atravessar a montanha e ir à fonte daquele gigante colorido para apanhar as guloseimas que meus livros infantis afirmavam existir lá.   

Não demorou pra eu perceber que ganhei muito mais que guloseimas, a sensação que percorria meu ser era sem igual. Foi aí que me lembrei o que uma amiga havia me falado ao telefone na noite anterior, era como se ouvisse a voz dela dizendo: “eu quero é estar bem Léo, isso que me importa!” Daí pensei, deve ser isso que chamam de qualidade de vida e saúde integral, aquela máxima, “mente sã, corpo são”, pois era como se naquele exato momento eu estivesse preparado para tudo, da dor ao prazer.

A impressão foi de estar pronto para acolher a saudade sem dor, e sim como um atributo do tamanho do valor de quem se foi ou está longe, e seu significado na minha história. De ressignificar os traumas com leveza, de canalizar as frustrações relacionais para um amadurecimento e otimismo para as próximas e mesmo às antigas. Até mesmo de encarar a realidade do risco iminente da morte, vivendo e muitooo!

Então aqui vai uma receita básica, sem necessariamente precisar ser rigorosamente na mesma ordem; escolha alguns dias para acordar bem cedinho e se exercitar em um lugar que lhe dá prazer, passe mais tempo com pessoas que lhe fazem bem e estimulam suas melhores virtudes, leia bons livros, aqueles que lhe deixam em órbita viajando de um lugar para o outro, cuide bem da alimentação, perca a linha de vez em quando e faça sexo regularmente, essa ultima é imprescindível para o sucesso do todo. rsrs...

Acima de tudo, deixe seu senso de espiritualidade perpassar todas essas experiências, afinal de contas, nEle vivemos, nos movemos e existimos.

Léo Dias.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Momentos

Ontem tive a felicidade de vivenciar um momento de rara beleza. Pude contemplar o fenômeno de uma estrela cadente do começo ao fim, foram três intensos segundos que se dissiparam rapidamente, deixando um misto de profundo encantamento e frustração.

Ao ver aquela faísca luminosa que descia velozmente como que ao alcance das minhas mãos, meus pelos ouriçaram-se e fui tomando por um arrepio delicioso da planta dos pés até o ultimo fio de cabelo, porém este também durou apenas alguns eternos segundos.

É intrigante, mas me parece que essas sensações foram feitas pra serem experimentadas por pouquíssimo tempo mesmo, e sua graça está exatamente em sua efemeridade, tenho a impressão de que se fosse diferente perderia totalmente o sabor.

Já pensou se um orgasmo durasse uns cinco minutos? Com o tempo ele não teria tanta importância assim. Deve ser por isso mulheres, que um orgasmo múltiplo é como um cometa Halley, quase uma raridade.. rsrs.

Mas vamos ser sinceros, mesmo com toda a frustração devido à fugacidade desses momentos, quem preferiria não tê-los experimentado?  

É por isso que toda vez que eu sinto cheiro “do momento”, eu paro tudo, e coloco meus seis sentidos a disposição para abstrair o máximo que for possível deste.

Então caros caminhantes, sempre que você estiver comigo e de repente perceber que estou longe, devaneando ali e além, ou com um brilho de lagrimas nos olhos ou até mesmo olhando pra você de uma maneira que nunca o fiz antes, não me estranhe, eu devo estar degustando “o momento”.

Seja bem vindo você também, segure minha mão, e juntos cristalizemos “the moments”. 

Léo Dias.
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