sábado, 15 de janeiro de 2011

A Borboleta Azul


De vez em sempre, Deus costuma sussurrar poesias aos ouvidos do meu coração. Às vezes através de versos ditos suavemente ao meu interior e outras através da diversidade formidável que ele mesmo burilou; sejam crianças, natureza, animais, insetos (ouço pouca poesia nos adultos) risos... Deus declama suas poesias aos ouvidos e olhos atentos todos os dias. A última experiência que tive de ouvir com os olhos mais uma linda poesia do autor da vida foi através de uma borboleta.

 Recebi a visita de uma linda borboleta azul que sobrevoava a lagoa de frente aqui de casa, a soma da leveza e o brilho me deixaram encantado. Há muitos seres com a feliz capacidade de voar, mas nenhum se compara com a borboleta. Ela consegue mesclar suavidade, alegria, arte; e a delicadeza do seu pouso é indescritível, quase que imperceptível. Contemplando aquele ser deslumbrante desejei muito ter seus atributos. Gostaria de pousar na vida das pessoas sem que elas percebessem, sem impacto, sem atrito. Queria muito ajudá-las a aguçar o senso de contemplação do belo e fazê-las perceber formosuras nunca antes vistas, em lugares inimagináveis.  Como seria bom se eu pudesse como as borboletas, mostrar que também pode haver muita adrenalina e emoção em vôos rasantes e que existem muitos ângulos para se enxergar uma mesma realidade. Apontar possibilidade diante das oscilações da vida, ser expressão da graça cheia de amor do Abba envolvendo-os espontaneamente à essa atmosfera de ternura. 

Bom, mas eu não sou borboleta. Sou gente, e cheio de características de adulto. O que sei mesclar é desastre e desorganização; sou desajeitado, não sei chegar, sou extremamente espaçoso e quando saiu é esbarrando nas coisas e nas pessoas. As pouquíssimas qualidades que tenho de borboleta, uso de forma egocêntrica para me promover e alcançar objetivos egoístas e sórdidos. Não sei passar pela vida dos outros com suavidade sem deixar marcas que se contrastam entre boas e ruins. Não me faz bem a possibilidade de ser lembrança doída de ninguém.   

A minha alegria e esperança é saber que sou moldável e posso aprender com as borboletas que passam pela minha vida. Ao pensar nas características delas foi inevitável não se lembrar do carpinteiro de Nazaré, sua vida traz ao meu coração uma agradável expectativa; um dia poderei ser como aquela borboleta azul.  Enquanto isso vou seguindo nas minhas desajeitadas aulas de vôo para iniciante. Cuidadoooo!!! rsrsrs.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Desejos Incandescentes

Corpos em chamas incandescentes, respiração ofegante, mãos trêmulas, pêlos ouriçados, coração palpitante... Voz embargada falseando uma outra tonalidade, por um momento, silêncio; aonde estão as palavras, o humor, a malemolência?

Envolvidos por uma leve atmosfera de acanhamento infantil apelam para o primeiro beijo como fuga pela necessidade de palavras precisas para o momento. Logo após o beijo percebem que não haveriam versos lacônicos que afugentasse aquele clima densamente tenso, teriam que vencer juntos o iceberg interior causado pelo senso de perigo, tabus, medos, proibições, promessas intermináveis e volumosas expectativas.

Apelam para uma acentuada concentração fugaz de seus corpos, descobriram rapidamente que as delicias da pele não funcionam sem cumplicidade, espontaneidade e liberdade. Não demora muito para essa tríade encher o quarto, a cama, o peito, e fazê-los transbordar em veleidade e excitação, banhados pelo vinho da sedução.

Beijam-se, tocam-se e dessa vez SENTEM de verdade; o calor, o arrepio, o cheiro... Em linguagem corporal ela o convida para enchê-la de amor e ele a preenche sem deixar espaço para nenhum anseio que seja. Por alguns momentos embarcam para um planeta pouco visitado pelos mortais; o lugar dos delírios, frenesis, elucubrações, transcendência, la onde o outro não é apenas o outro, mas uma extensão de ambos, onde ocorre a uni-multiplicidade perfeita dos devaneios e fantasias, em que os amantes correspondem imediatamente mensagens inaudíveis, decifradas somente pelos códigos da voluptuosidade, criando uma nova máxima para essa experiência: decifro-te logo dou, e  em dando logo recebo.

Surge o desafio pungente, como paralisar o tempo, congelar a noite, eternizar o momento? Em acordo unânime resolveram não perder nenhum segundo se preocupando com isso, perceberam que o som da eternidade já é tocado há muito tempo e só não dançam justamente aqueles que estão tentando contá-lo, registrá-lo, entrar na maratona dos que buscam alcançá-lo.

Abandonaram-se em seus corpos, crendo que se há um momento onde a criatura pode chegar ao “limite” de assemelhar-se ao criador, este é a unidade dos corpos fundindo-se em amor. Foram acordados suavemente pela dona sensatez e tiveram a surpresa de descobrir que tudo não passou de um delicioso sonho. Sonho!?, Será mesmo?! Ou seria uma realidade quimérica? 

Eles não se importavam com isso, dada a experiência, isso acabou sendo um mero detalhe. 
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