De vez em sempre, Deus costuma sussurrar poesias aos ouvidos do meu coração. Às vezes através de versos ditos suavemente ao meu interior e outras através da diversidade formidável que ele mesmo burilou; sejam crianças, natureza, animais, insetos (ouço pouca poesia nos adultos) risos... Deus declama suas poesias aos ouvidos e olhos atentos todos os dias. A última experiência que tive de ouvir com os olhos mais uma linda poesia do autor da vida foi através de uma borboleta.
Recebi a visita de uma linda borboleta azul que sobrevoava a lagoa de frente aqui de casa, a soma da leveza e o brilho me deixaram encantado. Há muitos seres com a feliz capacidade de voar, mas nenhum se compara com a borboleta. Ela consegue mesclar suavidade, alegria, arte; e a delicadeza do seu pouso é indescritível, quase que imperceptível. Contemplando aquele ser deslumbrante desejei muito ter seus atributos. Gostaria de pousar na vida das pessoas sem que elas percebessem, sem impacto, sem atrito. Queria muito ajudá-las a aguçar o senso de contemplação do belo e fazê-las perceber formosuras nunca antes vistas, em lugares inimagináveis. Como seria bom se eu pudesse como as borboletas, mostrar que também pode haver muita adrenalina e emoção em vôos rasantes e que existem muitos ângulos para se enxergar uma mesma realidade. Apontar possibilidade diante das oscilações da vida, ser expressão da graça cheia de amor do Abba envolvendo-os espontaneamente à essa atmosfera de ternura.
Bom, mas eu não sou borboleta. Sou gente, e cheio de características de adulto. O que sei mesclar é desastre e desorganização; sou desajeitado, não sei chegar, sou extremamente espaçoso e quando saiu é esbarrando nas coisas e nas pessoas. As pouquíssimas qualidades que tenho de borboleta, uso de forma egocêntrica para me promover e alcançar objetivos egoístas e sórdidos. Não sei passar pela vida dos outros com suavidade sem deixar marcas que se contrastam entre boas e ruins. Não me faz bem a possibilidade de ser lembrança doída de ninguém.
A minha alegria e esperança é saber que sou moldável e posso aprender com as borboletas que passam pela minha vida. Ao pensar nas características delas foi inevitável não se lembrar do carpinteiro de Nazaré, sua vida traz ao meu coração uma agradável expectativa; um dia poderei ser como aquela borboleta azul. Enquanto isso vou seguindo nas minhas desajeitadas aulas de vôo para iniciante. Cuidadoooo!!! rsrsrs.