sexta-feira, 27 de maio de 2011

“Sine Cera”

Segundo o Dicionário Universal da Língua Portuguesa, a palavra sincero vem do latim sinceru, (puro) e quer dizer “verdadeiro; que diz francamente o que sente; em que não há disfarce ou malícia; leal; simples.”
Etimologicamente, a palavra vem de sincera, que é a junção de duas outras palavras do latim, “sine cera” e foi inicialmente utilizada pelos romanos. Isso porque os artesãos ao fabricarem vasos de barro, muitos rachavam-se e para esconder tais defeitos, era usando para tal uma cera especial. “Sine cera” queria dizer “sem cera”, que era a qualidade esperada de um vaso perfeito, muito fino, que deixava ver através de suas paredes aquilo que guardava dentro de si. O vocábulo sincero evoluiu e passou a ter um significado muito elevado. Sincero, é aquele que é franco, leal, verdadeiro, que não oculta, que não usa disfarces, malícias ou dissimulações. Aquele que é sincero, como acontecia com o vaso, deixa ver através de suas palavras aquilo que está guardado em seu coração, sem nada temer nem ocultar.
Sinceridade e autenticidade sempre foram como íma a me atrair às pessoas. O aroma dessa virtude me é inebriantemente afável.
Encantam-me as pessoas que se embrenham pela vida e a experimentam como alguém que pesquisa sabores, descobre novos paladares, novas sensações... Sim, reconheço, torno-me facilmente fã daqueles que mesmo diante de incontáveis experiências e profundo conhecimento prático e teórico fruto de um espírito motivado pela incessante busca do saber viver, mostram-se cheios de duvidas, receios e incertezas... Dou facilmente a mão para caminhar sobre o entulho das desconstruções provocadas pelas novas descobertas e constantes metamorfoses dos corajosamente instáveis.
Porém, tem ainda mais eco em mim, o desabafo dos reconhecidamente equivocados. Aqueles que dizem: Caramba... Acho que entendi a fórmula, porém errei na dosagem!!!
Creio que para evitar ou contornar sérios transtornos em nossa jornada, precisamos antes de tudo tirar a cera (“sem cera”) de nós mesmo, trata-se de uma auto-sinceridade. Reconhecer as reais possibilidades dos enganos, das distorções de valores essencialmente adequados, todavia mal interpretados sutilmente para legitimar anseios submersos na alma e ter coragem de dialogar com nossos demônios interiores travestidos de anjos ternos.
Descobri que há um sentimento que pode ser excelente catalizador para forjar O encontro face-a-face do Eu X Eu’s; o nome dele é constrangimento. Estou falando do constrangimento construtivo que pode ser gerado de duas formas. A primeira é diante da perplexidade e dor do outro causada por nós; a segunda e ainda pior que a primeira é perante o acolhimento e compreensão do mesmo sobre nós.
É aqui que você descobre o que me ensinou um grande amigo numa dessas mesas redondamente saborosas e significativas. Ele disse: “Léo, não existe base teórica alguma, que legitime um comportamento que traga sofrimento ao outro”. M. F.  
Quem pensa o contrário, pode ter perdido a sinceridade consigo mesmo, ou pode estar sinceramente enganado.
Léo Dias.

Um comentário:

  1. Obrigada, leo!
    Fiquei emocionada e feliz com os elogios! =)

    Seja bem-vindo ao Ela Desatinou. Tenho escrito pouco poque pouco tempo tenho tido, mas a mente tilínta, o peito faísca e os dedinhos coçam de vontade de escrever!rs

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