Corpos em chamas incandescentes, respiração ofegante, mãos trêmulas, pêlos ouriçados, coração palpitante... Voz embargada falseando uma outra tonalidade, por um momento, silêncio; aonde estão as palavras, o humor, a malemolência?
Envolvidos por uma leve atmosfera de acanhamento infantil apelam para o primeiro beijo como fuga pela necessidade de palavras precisas para o momento. Logo após o beijo percebem que não haveriam versos lacônicos que afugentasse aquele clima densamente tenso, teriam que vencer juntos o iceberg interior causado pelo senso de perigo, tabus, medos, proibições, promessas intermináveis e volumosas expectativas.
Apelam para uma acentuada concentração fugaz de seus corpos, descobriram rapidamente que as delicias da pele não funcionam sem cumplicidade, espontaneidade e liberdade. Não demora muito para essa tríade encher o quarto, a cama, o peito, e fazê-los transbordar em veleidade e excitação, banhados pelo vinho da sedução.
Beijam-se, tocam-se e dessa vez SENTEM de verdade; o calor, o arrepio, o cheiro... Em linguagem corporal ela o convida para enchê-la de amor e ele a preenche sem deixar espaço para nenhum anseio que seja. Por alguns momentos embarcam para um planeta pouco visitado pelos mortais; o lugar dos delírios, frenesis, elucubrações, transcendência, la onde o outro não é apenas o outro, mas uma extensão de ambos, onde ocorre a uni-multiplicidade perfeita dos devaneios e fantasias, em que os amantes correspondem imediatamente mensagens inaudíveis, decifradas somente pelos códigos da voluptuosidade, criando uma nova máxima para essa experiência: decifro-te logo dou, e em dando logo recebo.
Surge o desafio pungente, como paralisar o tempo, congelar a noite, eternizar o momento? Em acordo unânime resolveram não perder nenhum segundo se preocupando com isso, perceberam que o som da eternidade já é tocado há muito tempo e só não dançam justamente aqueles que estão tentando contá-lo, registrá-lo, entrar na maratona dos que buscam alcançá-lo.
Abandonaram-se em seus corpos, crendo que se há um momento onde a criatura pode chegar ao “limite” de assemelhar-se ao criador, este é a unidade dos corpos fundindo-se em amor. Foram acordados suavemente pela dona sensatez e tiveram a surpresa de descobrir que tudo não passou de um delicioso sonho. Sonho!?, Será mesmo?! Ou seria uma realidade quimérica?
Eles não se importavam com isso, dada a experiência, isso acabou sendo um mero detalhe.
É meu caro...
ResponderExcluirViver esta intensidade é viver a vida em pleno êxtase do ser com a capacidade de amar um sonho que com toda certa foi real...
Somente o encontro de dois corpos ardendo em desejos é capaz de gerar tamanho sonho real.
...viajei entre o sonho
ResponderExcluire a realidade, neste post
divinal!
beijo, moço do sorriso lindo!
Me senti lendo Cantares de Salomão, mas em uma versão atualizada!!!
ResponderExcluirMuito bonito e intenso!!!
ResponderExcluirParabéns...
A intensidade irreal de transcendência ao desejo ardente dos corpos, parece sempre ser uma transposição imaginativa da realidade. O que leva a alguns as imaginações surreais que os remetem aos mais prazerosos êxtases..... Belo texto Léo
ResponderExcluirOlá Léo, vim sim, com gosto conhecer teu espaço, gostei!
ResponderExcluirTambém quero ler-te, farei com atenção na próxima visita, quem sabe entenderei o coração masculino,rs, rs .
bjinhos amigo.
Eu e Alana lemos juntas esse post,comentei com ela q lhe considerava um salomão contemporâneo, ela me "plagiou" e comentou primeiro, enfim
ResponderExcluirParabéns, Léo!rsrs