quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Alma Nua

Ó Pai não deixes que façam de mim o que da pedra tu fizestes e que a fria luz da razão não cale o azul da aura que me vestes. Dá-me leveza nas mãos, faze de mim um nobre domador laçando acordes e versos dispersos no tempo pro templo do amor. Que se eu tiver que ficar nu hei de envolver-me em pura poesia e dela farei minha casa, minha asa, loucura de cada dia. Dá-me o silêncio da noite pra ouvir o sapo namorar a lua, dá-me direito ao açoite ao ócio, ao cio à vadiagem pela rua. Deixa-me perder a hora pra ter tempo de encontrar a rima ver o mundo de dentro pra fora e a beleza que aflora de baixo pra cima. Ó meu Pai, dá-me o direito de dizer coisas sem sentido, de não ter que ser perfeito pretérito, sujeito, artigo definido; de me apaixonar todo dia, de ser mais jovem que meu filho e ir aprendendo com ele a magia de nunca perder o brilho; virar os dados do destino de me contradizer, de não ter meta, me reinventar, ser meu próprio Deus. Viver menino, morrer poeta. (Alma Nua – Vander Lee)

Quero o direito de metamorfosear-me com leveza, quem tem o projeto final de quem devo me tornar? Não quero perder preciosos momentos da minha vida me preocupando com as expectativas que existem nos outros a meu respeito. Me disseram que eu tenho que desempenhar bem diversos papeis na sociedade; como assim? Não me recordo de ninguém pedir minha opinião enquanto os escreviam para mim. Quem me quizer terá que receber o pacote completo com suas delícias e amarguras. Quero crescer, evoluir, aprender, amadurecer, descobrir e acima de tudo desaprender, mas quero que tudo isso transcorra com a liberdade de um riacho que desce desembestado ao encontro do mar. Se para estar comigo você tem que me mudar à seu molde, desisto não vai dá assim, eu não me encaixo na sua moldura por mais bela que ela pareça para você. Já tentei fazer de mim um pedacinho do anseio de todo mundo que de mim espera algo, quase elouqueci. Quem quizer caminhar comigo vou logo avisando, não espere e eu não lhe decepcionarei, saiba que quero que quando a idade mais avançada chegar eu tenha muito pouco a dizer sobre coisas que gostaria de ter feito e não fiz, prepare-se para “surpresas”. Pra você pode ser mais fácil dizer onde está a verdade, pra mim é mais fácil identificar onde ela não está e tenho certeza que não está em você. Não me negue o direito de errar por achar que você sabe o melhor caminho, pois novos caminhos se fazem onde nunca houve antes e para fazê-los as vezes é necessário lagrimas, sangue, arranhões, cicatrizes e grandes e intransferíveis experiências. Repito o que já disse: Deixe-me arriscar, errar, sofrer, crescer e SER mais... Deixe-me pular e não coloquem nenhuma cama elástica abaixo de mim; preciso sangrar pra sentir que vivi... Por favor deixe-me.

7 comentários:

  1. ...querido Leo,
    quanta honra e felicidade senti
    em encontrá-lo passeando em meu
    canto!

    obrigada pelo carinho das palavras
    tão lindas que só poderiam vir de
    alguém especial, uma diferença
    nesta blogoloucura...rsrs

    belíssimos posts e textos
    tão bem escolhidos só merecem
    sucesso e meus parabéns a você,
    alma linda!

    bjs, menino!

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  2. Oiê, Leo! Desculpe-me a demora, mas saí de manhã e só estou chegando agora. Muito obrigada pela presença no eu e daí, que retribuo aqui.
    O seu texto é muito bom. Gostei demais. Parabéns!
    Meu querido, tenha um Feliz Natal, depois a gente se encontra.
    Beijos!!!
    Renata

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  3. Deixo-te!!!
    Se assim o queres... deixo-te já!!!
    Só quero ficar com quem me queira.
    Com quem faz questão da minha presença.
    Nada mais é imperativo que eu fique do que eu querer ficar aliado à vc querer que eu fique!
    Sendo assim...
    Deixo-te!!!
    Até o dia que escreveres de novo...
    Então voltarei para de novo me deliciar com tuas palavras...

    rssssss
    Belo Texto Léo. Realmente Aníssima andou inspirando... rssss

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  4. Adoro a possibilidade desta autonomia em nome de si mesmo e do outro, sem querer fazer do outro a sua xerox, mas deixar o outro ser de fato o outro, sem querer assimilar, sem querer amoldá-lo, mas dando a ele a oportunidade de ser feliz em si mesmo e para si mesmo. Acredito que só assim iremos contemplar o outro, através do outro.

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  5. Vivian e Renatinha sejam bem vindas podem descalçar os pés e colocá-los nas minhas areias, fiquem a vontade... Abraço!

    Netinha e Déi, como é bom compartilharmos palavras que expressam o que vai em nós e o que enchergamos na jornada. Os comentários de vocês brotaram ramificações que vão além de onde fluiu minhas próprias letras. Obrigado. Bjo grande no coração meus queridos.

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  6. Belissima cronica recital. Passei aqui lendo, nenhuma pessoa me indicou ou convidou.Mas, achei interessante. E estou lhe convidando a visitar o meu blogue e se possivel seguirmos juntos por eles. Estarei grato esperando por voce lás
    Abraços de verdade

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  7. Ser lagarta e sentir a dor, ser borboleta e sentir a leveza e liberdade, voar! Sim, viver é sangrar e sorrir, aprender com nossos erros e contradições, para sermos mais, sermos nós! Um prazer te conhecer Léo!!!

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