Minha inspiração pra escrever muitas vezes parte dos meus dilemas e momentos de decisão. Por isso, hoje tô afim de hablar sobre liberdade; mas confesso que pautar qualquer vírgula sobre esse assunto é um exercício tão complexo que eu já apaguei dois insights anteriores tentando introduzir este tema.
Logo percebi que a dificuldade se dá devido ao fato de saber que sempre que esta senhora entra em cena, começa-se uma “brincadeira” de cabo de guerra onde dois lados guerreiam para ter a madame a seu favor.
De um lado os defensores da “ética, moral e dos bons costumes”, puxam indelicadamente o braço da dama afirmando que se a mesma veio para o baile, ela só pode dançar com um moço distinto, bem trajado e alinhado. Já o outro lado, com não menos agressividade, puxa o outro braço da coitada afirmando que a moderna senhora dança com todos e em qualquer ritmo.
Lembrei-me agora de dois grandes dançarinos que bailaram em ritmos diferentes com a mesma dama. Se de um lado Sartre disse que “ser-se livre não é fazermos aquilo que queremos, mas querer-se aquilo que se pode”... Por outro Gandhi afirmou que “de nada vale a liberdade se não temos liberdade de errar”. Eu poderia citar alguns amigos blogueiros aqui que também tem distintas opiniões formadas a respeito desta senhora, mas não vou fazê-lo pra não assumir partido.
Mas antes que seja tachado de covarde quero deixar bem claro em que cadência eu entro na roda com essa habilidosa bailarina.
Na verdade eu sou de todo mundo sem ser de ninguém, dessa forma no final todo mundo é meu também.
Intuo que a dona liberdade dança com e na vida e seu convite é sempre que nos tornemos pessoas melhores independente de erros e acertos; na verdade pra ela nem existe essa bifurcação, o que existe é a jornada, o caminho, que pode ser encontrado ou inventado.
Sendo assim, penso que está totalmente des-ritmado tanto quem fazendo uso dessa virtude, desumaniza-se com atitudes sórdidas que conseqüentemente coisifica o outro; quanto quem acha ser dono da verdade por caminhar por trilhos pré-definidos e aparentemente seguros, mas que no final das contas minam seu desenvolvimento como ser-na-existência.
Liberdade pra mim é poder cogitar diversas escolhas, existentes e inexistentes, apesar do peso do concreto do verdade/mentira, certo/errado já sedimentado na história.
Mas como disse Cecília Meireles, "liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda". Então espero que você tenha entendido o que eu não sei explicar. (risos)...
Apesar disso tudo, me tranqüiliza saber que a senhora liberdade não é tão exigente quanto eu sou a mim mesmo, ela dança também com desengonçados e desajeitados como eu. A sua única exigência, é que para não pisar no seu pé, se escolha o compasso certo, e seja em que ritmo for que seja sempre na cadência do amor.
Léo Dias.