terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Niver

Eu não sei como é com você, mas normalmente as horas antecedentes e posteriores ao meu aniversário são acompanhadas de sentimentos diversos oscilando entre picos de alegria e reações depressivas.

Em alguns momentos se eu pudesse não veria ninguém, ficaria sozinho, e daria boas vindas a qualquer lagrima que desejasse passear pelo meu rosto.

 Mas, dessa vez eu me precavi contra essa sensação. Antes que ela viesse me cerquei de bons amigos, comi uma boa carne, bati um bom papo acompanhado de um delicioso vinho e ri a beça, porém minha assombração ainda tentou uma ultima investida, me fazendo lembrar das frustrações, incertezas, duvidas, monotonia e culpa, lembra dela? rs...

Foi ai que Deus resolveu pessoalmente reclinar a cabeça sobre meu peito, acariciar meu rosto e dizer: confia em mim, de todos esses sentimentos seus guarde só uma certeza; eu te amo!

Ele fez isso através do meu pequeno Emanuel (Deus comigo) enquanto eu o ninava pra dormir.

Diante dessa manifestação eu disse pra mim mesmo: que venham os amores, as dores e as cores; viverei intensamente os anos que ainda houver, pois a vida é curta e está passando velozmente.


Thank God, I love you too!


P.S - Sugestões de presentes: Estou precisando de um bom perfume, um relógio, cuecas, boné e amo receber abrações, beijões e livros... rsrsrsrs




Léo Dias

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A culpa Ficou Solteira

O estado de pecado no homem não é um facto, senão apenas a interpretação de um facto, a saber: de um mal-estar fisiológico, considerado sob o ponto de vista moral e religioso. O sentir-se alguém «culpado» e «pecador», não prova que na realidade o esteja, como sentir-se alguém bem não prova que na realidade esteja bem. Recordem-se os famosos processos de bruxaria; naquela época os juízes mais humanos acreditavam que havia culpabilidade; as bruxas também acreditavam; contudo, a culpabilidade não existia.

Friedrich Nietzsche, in 'Genealogia da Moral'




É madrugada, a acústica do banheiro ecoa minhas culpas pelos oito cantos da minha consciência, nesse momento eu me pergunto: de onde vem esse monstro capaz de fazer com que momentos de rara beleza e intenso prazer se transformem em pesadelos sombrios? Quem alimenta essa fera, quem promove seu crescimento a ponto dele se tornar insuportável e aparentemente invencível?  Nesse momento, flashes e reflexos de pessoas queridas aparecem em lampejos na brancura do teto, cada uma com seu olhar, sorriso, manifestação de carinho, veneração, apreço e admiração que beira a idolatria; foi aí que eu percebi que aquilo que eu mais almejava cativar nas pessoas futuramente se tornaria exatamente o combustível dessa engrenagem chamada culpabilidade.

Que paradoxo, aquilo que deveria me alforriar de mim mesmo vem a ser justamente o que me aprisiona. Sim, pois se alguém diz me amar esse amor deveria me emancipar com coragem para aprender a bailar nos movimentos da vida com suas possibilidades diversas. Mas contraditoriamente o que acontece é que eu não consigo VIVER por medo de “decepcionar” quem a mim devota amor; descobri que esse receio que me arrebata na verdade não é de decepcionar, mas sim de não ser amado, de perder a ternura dessas pessoas. Mas que diabo de amor é esse que está o tempo todo sub judice equilibrado sobre essa tênue linha esticada pelo utilitarismo, seria amor ou o mais argucioso egocentrismo infantil? 

Ao perceber isso, notei que os reflexos dos humanos quase angelicais que me observavam se dissolveram em uma nuvem vermelha gotejando pingos de um delicioso vinho aromal, aparei com destreza todos eles no cálice transparente da minha solidão e bebi lenta e ininterruptamente; a sensação após ter libado essa relíquia foi inefável. Sinto não poder compartilhar do sabor, é que esse vinho é feito com fórmulas únicas e deve ser tomado exclusivamente pelos próprios donos. Prepare o seu!

Léo Dias 
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